Sexta-feira passada dia 21,
durante a realização do projeto “Ernesto Melo e a Fina Flor do Samba” a escola
de samba Acadêmicos do São João Batista procedeu à leitura do enredo da escola
que será apresentado nos desfiles do carnaval de 2017. “Manelão o General da
Folia, o Rei da Alegria” é o tema cuja sinopse começou a ser entregue
naquela noite aos compositores interessados me participar do concurso de samba
enredo, que vai acontecer no dia 3 de dezembro no “Pagode Salves
Jorge” na Vila Tupi.
Com a presença do presidente
Alberto Rodrigues – Pai Beto, da rainha da bateria Jaqueline Dalia, Mestre da
Bateria Silfarney Silva, secretario executivo Gilson Queiroz, e dos diretores
Alex, Lúcia, Cristiane e Ana Célia. Silvio Santos como mestre cerimônia
apresentou o Presidente da Honra da escola Álvaro Mendonça sobrinho do Manelão
que fez as honras da casa.
Após a leitura da sinopse o
compositor Ernesto Melo recebeu do presidente Pai Beto a sinopse se
comprometendo a compor um samba a “Altura do meu amigo Manelão”, outro
compositor que também solicitou a sinopse naquela noite, foi o Rafael Saideira
que tem parceria com o Paulinho Santana e Carlinhos Maracanã, Altair Lopes o
Tatá também pegou a sinopse “Quem sabe consiga um parceiro para musicar
minha letra”.
Após a leitura da sinopse os
integrantes da escola cantaram a Marchinha Hino da Banda e o samba enredo que a
escola apresentou no carnaval deste ano: “O sonho de Assis e Nair” recebendo
calorosos aplausos do público, que literalmente lotou a frente do Mercado
Cultural para prestigiar “Ernesto Melo e a Fina Flor do Samba”.
O enredo
Poucas pessoas foram e são tão
consideradas e reconhecidas como o nosso homenageado no carnaval de 2017 Manoel
Costa Mendonça – Manelão. Nascido no dia 09 de março de 1949 em Manaus capital
do estado do Amazonas e criado no famoso Boulevard Amazonas, com
apenas 14 anos de idade veio morar em Porto Velho Rondônia e de cara foi
estudar na Escola SENAI onde iniciou mais não concluiu o curso de mecânico de
manutenção (Torneiro Mecânico). Menino Peralta não era bem visto pelos pais
das MOIÇOLAS filhas dos chamados “CATEGAS” que residiam no bairro
CAIARI. Quando saia do SENAI costumava ficar atazanando as meninas do Caiari
rodando em sua bicicleta GULLIVER sem pára-lama, que mal tinha o guidon, o
freio eram seus pés arrastando no chão.
Tudo isso ele fazia, para tentar
ingressar na escola de samba “Pobres do Caiari” fato que conseguiu, após
conquistar a amizade do João Ramiro filho da modista da escola dona Florípedes
Carvalho e a amizade com o Silvio Santos compositor e um dos fundadores da
escola.
Na época a direção da escola
colocava uma quadrilha junina que se apresentava nas festas juninas do Clube
Ypiranga (de madeira) e Manelão foi escolhido como noivo. Era a quadrilha
do Zé Piapó.
Boêmio por excelência, apesar de
muito jovem Manelão freqüentava assiduamente as boates mais conhecidas
como “Cabaré” da Mãe Preta, Tambaqui de Ouro, Anita, Madame Elvira
(Tartaruga), Maria Eunice e tantas outras. Era tão viciado nessas casas que
chegou a morar na Maria Eunice.
A Taba do Cacique era reduto
obrigatório nos finais da noite. Cercado de mulheres Manelão parecia o Deus
Baco ou era o verdadeiro Momo o Rei da Folia.
Ainda jovem fez o curso de piloto
no aeroclube de Porto Velho. Ao receber seu brevê (licença para pilotar avião),
promoveu várias estripulias utilizadas os chamados aviões Paulistinha inclusive,
muita estórias pitorescas passaram a fazer parte do anedotário
(mentiroso) do Manelão.
Após ter participado de uma
apresentação em Porto Velho, foi pra São Paulo onde aprendeu o oficio de
chaveiro e abridor de cofre.
Desde quando passou a se entender
por gente, Manila sempre gostou de brincar carnaval. Não apenas de brincar,
mais de criar blocos também. Assim nasceram: Bloco do Bode, Bloco do
Escorrega la Vai Ume o Bloco do Zé Atraca e o Bloco do Purgatório que era
um cortejo fúnebre, que inclusive não tinha música, era apenas um sino dobrando
o tempo todo e os brincantes com velas acessas. Após muita luta, Manelão
conseguiu entrar para o Bloco da Cobra – Um cordão formado por empresários bem
sucedidos. Só entrava quem realmente tivesse posse e fosse da elite social da cidade.
Ele era o responsável pelo corte da calça nos ‘Neófitos’ era o “Carrasco”.
O Presidente da Pobres do Caiari
De um determinado tempo em
diante, Manelão passou a ser uma das pessoas mais respeitadas dentro do Grêmio
Recreativo Escola de Samba Pobres do Caiari. Era tão considerado que numa das
crises financeiras da escola, assumiu a pedido da maioria dos diretores, a
Presidência. Era o ano de 1988 para o carnaval de 1989 anos em que a escola
completaria 25 anos de fundação. E com o enredo “Mundo Infantil” com destaque
para o Programa da Xuxa a escola foi a grande campeã do carnaval naquele ano.
A Banda do Vai Quem Quer
Em 1979 Manelão foi convidado
para ser o Rei Momo da cidade de Porto Velho e aceitou fato que aconteceu
também no carnaval de 1980. Porém, ao final do carnaval de 80 a prefeitura não
assumiu a dívida da Corte contraída por ordem da Comissão Municipal
de Carnaval. Quando se aproximou o carnaval de 1981 a prefeitura mais uma vez o
convidou para ser o Rei Momo. A corte se reuniu e foi quando alguém
falou: “Se é pra gente bancar a nossa dívida no carnaval vamos criar nosso
próprio bloco” e assim, durante uma reunião que aconteceu num sábado do mês de
janeiro de 1981, regada a muita cerveja, wisk e cachaça que começou no Bar do
Casimiro e terminou no Bar Chopão que ficava a Rua Duque de Caxias
com a José Bonifácio no bairro Caiari, nasceu a Banda do Só Vai Quem Quer.
Epílogo - Manelão faleceu no
dia 28 de fevereiro de 2011 justamente na data da fundação da escola de samba
Pobres do Caiari (28.02.1964) e data do primeiro desfile da Banda em 1981.
Seu enterro foi o mais concorrido
até hoje em Porto Velho. Um verdadeiro desfile da Banda do Vai Quem Quer.
Premiação
A parceria vencedora do concurso
de samba enredo vai ganhar R$ 1.500,00 o 2º colocado R$ 1 Mil e o terceiro
colocado R$ 500,00. A sinopse pode ser solicitada através do
telefone (69)
99302-1960. Pode participar qualquer pessoa, inclusive os compositores das
demais escolas de samba de Porto Velho e do Brasil.